Employer Branding ou Publicidade Enganosa? A Verdade que (quase) Ninguém Quer Contar
- Andrea Fontes
- há 3 dias
- 2 min de leitura

Employer Branding ou Publicidade Enganosa? A Verdade que (quase) Ninguém Quer Contar
Vivemos numa era em que o LinkedIn se transformou num verdadeiro palco de teatro empresarial. Fotos de equipas a sorrir em eventos de team building, promessas de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, slogans como “People First” ou “Cultura de proximidade”.
Mas será que o que se comunica externamente como employer branding corresponde à experiência real de quem vive a empresa por dentro? Ou estamos a assistir à profissionalização da publicidade enganosa em Recursos Humanos?
Como dizia Tony Loureiro (s.d) “A cultura organizacional é o que acontece quando ninguém está a ver. O resto é marketing.”
A Dissonância Entre o Discurso e a Realidade
Muitas organizações investem milhares de euros (e horas de reuniões) para definir a sua Employee Value Proposition (EVP). Contratam agências, produzem vídeos, treinam líderes para repetir mantras corporativos. Mas depois... os colaboradores vivem sob microgestão, jornadas intermináveis, falta de feedback e nula progressão de carreira.
Esta incoerência entre a marca empregadora externa e a cultura interna tem consequências sérias: quebra de confiança, rotatividade, perda de talento e reputação danificada.
Segundo Backhaus e Tikoo (2004), o employer branding é eficaz apenas quando o valor prometido é entregue internamente, ou seja, quando há coerência entre o que se comunica e o que se vive no quotidiano organizacional. Caso contrário, cria-se frustração e cinismo organizacional.
Os Candidatos já estão mais atentos
O talento está mais atento. A nova geração de candidatos consulta o Glassdoor, questiona antigos colaboradores no LinkedIn, investiga a cultura “não oficial” da empresa. E quando descobre que a promessa não corresponde à realidade, a desilusão é imediata — e irreversível.
Ainda mais grave: colaboradores que se sentem enganados tornam-se os maiores detractores da marca empregadora. Como referem Cable e Turban (2001), o alinhamento entre imagem externa e experiência interna é crucial para atrair e reter talento — não basta parecer, é preciso ser.
Employer Branding Começa Por Dentro
O verdadeiro employer branding não começa com campanhas, mas com práticas. Não é o vídeo no LinkedIn que convence, mas a forma como um líder dá feedback. Não é a política de “horário flexível” no papel, mas a confiança real na autonomia do colaborador.
Querem melhorar o employer branding? Comecemos pela experiência do colaborador:
Liderança autêntica e presente
Clima de segurança psicológica
Feedback regular e transparente
Reconhecimento justo e oportunidades reais de crescimento
Só depois disso faz sentido “comunicar para fora”.
Como argumenta Edwards (2010), o employer branding eficaz depende da sua articulação com variáveis do comportamento organizacional interno, como o compromisso dos colaboradores e a autenticidade da cultura vivida — não basta parecer atrativo, é preciso ser consistente por dentro.
Referências
Backhaus, K., & Tikoo, S. (2004). Conceptualizing and researching employer branding. Career Development International, 9(5), 501–517.
Cable, D. M., & Turban, D. B. (2001). Establishing the dimensions, sources and value of job seekers’ employer knowledge during recruitment. Research in Personnel and Human Resources Management, 20, 115–163.
Edwards, M. R. (2010). An integrative review of employer branding and OB theory. Personnel Review, 39(1), 5–23.
Loureiro, T. (s.d.). Cultura organizacional: O que acontece quando ninguém está olhando? Recuperado em 22 de abril de 2025, de https://tonyloureiro.com.br/cultura-organizacional-o-que-acontece-quando-ninguem-esta-olhando/
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