LinkedIn: a preparar jovens para o mercado de trabalho ou potenciar a ansiedade profissional?
- Andrea Fontes
- 13 de jul.
- 4 min de leitura

À medida que o LinkedIn se consolida como ferramenta indispensável para o branding pessoal e a empregabilidade, uma questão fundamental emerge: estará a plataforma, ao invés de empoderar, a desestabilizar emocionalmente a nova geração de profissionais?
Duas investigações recentes lançam luz sobre esta preocupação crescente.
Charlotte Westermann (2024), num estudo com estudantes universitários, identificou que a utilização ativa do LinkedIn está associada a níveis mais elevados de ansiedade sobre o futuro profissional. O culpado central? A comparação social ascendente. Utilizadores mais ativos — sobretudo aqueles que comentam, publicam ou interagem — são mais suscetíveis a sentirem-se em desvantagem ao confrontarem-se com os marcos e conquistas dos seus pares. Este efeito é particularmente agravado quando os indivíduos possuem níveis baixos de autoeficácia, ou seja, pouca confiança nas suas próprias competências.
Este padrão é reforçado por Bilderback (2025), que, num artigo centrado na Geração Z, aponta o LinkedIn como um catalisador para a ansiedade digital e o perfeccionismo profissional. A autora descreve como as estruturas visíveis da plataforma — número de conexões, visualizações de perfil, recomendações — reforçam o medo do fracasso, promovem uma cultura de idealização profissional e geram um fenómeno de “síndrome do impostor” entre os jovens.
A cultura do “currículo performativo”
Na prática, muitos jovens sentem-se pressionados a construir perfis perfeitos, otimizados ao detalhe, para evitar parecerem menos capazes do que os outros. Este fenómeno, que Bilderback descreve como “identidade profissional idealizada”, não só é emocionalmente desgastante como contribui para o afastamento da plataforma, a procrastinação e a perda de autenticidade.
Ambos os estudos alertam para os riscos de se promover uma cultura em que o valor profissional se mede por métricas públicas e curadorias estéticas. O LinkedIn, ao contrário de outras redes sociais, não oferece a leveza do informal — tudo é branding. Tudo é exposição. Tudo é comparação.
Caminhos possíveis - as soluções propostas passam por ações concretas:
Mentoria estruturada para orientar a construção de perfis mais autênticos;
Workshops sobre saúde digital, para reduzir o impacto da comparação constante;
Promoção da autoeficácia, enquanto competência psicológica protetora;
E, acima de tudo, criação de ambientes profissionais que não reproduzam os mesmos mecanismos de validação superficial promovidos pelas redes.
Conclusão
É tempo de repensar a forma como se usa o LinkedIn — e como se ensina os jovens a usá-lo. Em vez de ser apenas uma montra de conquistas, a plataforma pode (e deve) tornar-se um espaço de partilha mais honesta, com menos filtro e mais substância.
A pergunta que se impõe é: queremos formar profissionais confiantes ou apenas perfis otimizados para o algoritmo?
Referências
Bilderback, S. (2025). Managing Gen Z anxiety and digital perfectionism on LinkedIn. Strategic HR Review. https://doi.org/10.1108/SHR-01-2025-0006
Westermann, C. A. (2024). Exploring the impact of social comparison on the relationship between LinkedIn engagement and future anxiety while controlling for self-efficacy (Bachelor’s thesis). University of Twente.
_______________________
Is LinkedIn preparing young people for the job market — or fuelling a silent crisis of professional anxiety?
As LinkedIn consolidates its position as an essential tool for personal branding and employability, a critical question emerges: is the platform empowering the next generation of professionals, or emotionally destabilizing them?
Two recent studies shed light on this growing concern.
Charlotte Westermann (2024), in a study with university students, found that active use of LinkedIn is associated with higher levels of anxiety about the professional future. The central factor? Upward social comparison. More active users — especially those who comment, post, or engage frequently — are more likely to feel inadequate when confronted with the milestones and achievements of their peers. This effect is particularly exacerbated among individuals with low self-efficacy — that is, little confidence in their own skills and capabilities.
This pattern is reinforced by Bilderback (2025), who, in an article focused on Generation Z, identifies LinkedIn as a catalyst for digital anxiety and professional perfectionism. The author explains how the platform’s visible structures — number of connections, profile views, endorsements — amplify fear of failure, promote a culture of idealized professionalism, and fuel imposter syndrome among younger users.
The culture of the “performative CV”
In practice, many young professionals feel pressured to build perfect, highly optimized profiles in order to avoid appearing less capable than others. This phenomenon, which Bilderback describes as an “idealized professional identity,” is not only emotionally draining — it also leads to platform avoidance, procrastination, and a loss of authenticity.
Both studies warn against promoting a culture in which professional value is measured by public metrics and aesthetic curation. Unlike other social networks, LinkedIn does not offer the lightness of informality — everything is branding. Everything is exposure. Everything is comparison.
Possible pathways – the proposed solutions include concrete actions:
Structured mentoring to guide the creation of more authentic profiles;
Workshops on digital well-being, to mitigate the effects of constant comparison;
Promotion of self-efficacy, as a protective psychological competence;
And above all, the creation of professional environments that do not replicate the superficial validation mechanisms promoted by social platforms.
Conclusion
It is time to rethink how LinkedIn is used — and how young people are taught to engage with it. Rather than serving solely as a showcase for achievements, the platform can (and should) become a space for more honest, less filtered, and more substantial sharing. The question that remains is: do we want to develop confident professionals, or simply profiles optimized for the algorithm?




Comentários